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quinta-feira, fevereiro 24, 2011
Hollywood Rock 1975
A primeira edição do Hollywood Rock (embora não seja oficial) ocorreu no campo do Botafogo, em 1975, e foi organizada por Nelson Motta. O festival rolou durante quatro sábados, e contou apenas com artistas nacionais. Dentre as atrações, estiveram Celly Campelo, Erasmo Carlos, Raul Seixas e os grupos O Peso e Vímana, que não chegou a tocar todo o repertório devido a problemas na aparelhagem. Destaque para os shows de Rita Lee & Tutti-Frutti (o primeiro da cantora após sua saída dos Mutantes), Mutantes (também a primeira apresentação do grupo sem Rita) e Raul Seixas (que talvez tenha sido o que foi melhor registrado do evento). Segundo Nelson Motta, o evento recebeu cerca de 10 mil pessoas a cada dia.
O festival foi registrado no filme Ritmo Alucinante.
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segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Os Mutantes
Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee - então no Teenage Singers - a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis.
Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições "Suicida" (de Raphael e Roberto) e "Apocalipse" (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes - por sugestão de Ronnie Von, que, naquela ocasião, lia O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul. Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von - nº 3.
No início de 1967, mudanças na direção artística do programa reduziram paulatinamente as apresentações dos Mutantes. Por discordar das novas diretrizes, eles deixaram a Record, já que também havia a possibilidade de realizar apresentações em outras emissoras. À convite do maestro Chiquinho de Moraes, da Rede Bandeirantes, Os Mutantes exibiram-se no programa "Quadrado e Redondo", apresentado por Sérgio Galvão. Nessa época, conheceram outro maestro, Rogério Duprat, que teria papel decisivo na história do trio. Apadrinhados por Duprat, Os Mutantes começaram a participar dos grandes festivais de música popular brasileira, que viviam sua fase áurea. O maestro sugeriu a Gilberto Gil que convocasse o grupo como banda de apoio para gravar "Bom Dia", que seria cantada por Nana Caymmi e inscrita no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record. Outra gravação de Gil classificada para o Festival era "Domingo no Parque". Apesar de nenhum de seus integrantes ler cifras e partituras musicais e conhecer a complexidade harmônica dos arranjos elaborados por Gil e Duprat, Os Mutantes se saíra muito bem nos ensaios e acabaram participando da gravação de ambas. "Domingo no Parque" ganhou o segundo lugar e aproximou os Mutantes do movimento tropicalista.
Em 1968, o trio assinou um contrato com a Polydor, graças a uma indicação do produtor Manoel Barenbein. Assim, foi lançando Os Mutantes, primeiro disco da banda. Com arranjos de Duprat e participação especial de Jorge Ben, o LP foi bastante inovador e experimental, além de muito influenciado pelo trabalho dos Beatles. Algumas das faixas que se destacaram são "Senhor F…" (que contou com participação da mãe dos irmãos Baptista, que tocou piano), "Panis et Circenses" (canção composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para os Mutantes) e "Trem Fantasma" (parceria entre os Mutantes e Caetano Veloso, que foi composta na casa do produtor Guilherme Araújo).
Também naquele ano, a banda participou ao lado de vários artistas de Tropicália: ou Panis et Circencis, disco-manifesto do movimento tropicalista, gravando a faixa-título do LP. Ainda naquele ano, o grupo participou em duas sequências - filmadas na boate Ponto de Encontro - de As Amorosas, filme do diretor brasileiro Walter Hugo Khouri, estrelado por Paulo José, Lilian Lemmertz e Anecy Rocha. Em setembro, ainda participaram do III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, defendendo "Caminhante Noturno" (de Arnaldo, Sérgio e Rita), que acabou classificada em sétimo lugar. Mas o episódio mais emblemático daquele festival foi a apresentação de Caetano acompanhado dos Mutantes como banda de apoio. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, eles executaram "É Proibido Proibir". A canção de Caetano foi recebida sob intensas vaias pelo platéia que lotava o auditório. Mal os Mutantes começaram a tocar a introdução, espectadores enfurecidos atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco e deram as costas para a apresentação. Imediatamente, os Mutantes responderam, sem parar de tocar: viraram as costas para a platéia. Revoltado com a recepção, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, por causa do barulho dentro do auditório.
No final daquele ano, os Mutantes estiveram no IV Festival da Música Popular Brasileira, defendendo "Dom Quixote" e "2001", esta última uma parceria de Rita Lee com Tom Zé.
No ano seguinte, os Mutantes excursionaram pela França, onde tocaram no célebre Mercado Internacional de Discos e Editores Musicais (Midem), na cidade de Cannes, e no tradicional Olympia, em Paris. Em fevereiro, foi lançado Mutantes, segundo disco da banda - e já com a participação do baterista Dinho Leme e do baixista Liminha. Um dos destaques do LP, a faixa "Caminhante Noturno" teve erradamente a omissão do nome de Sérgio Dias como co-autor.
Ainda em 1969, os Mutantes realizaram o seu último concerto com Caetano e Gil. Foi durante a conturbada temporada na carioca boate Sucata, no qual ocorreu o famoso incidente da bandeira nacional, que, supostamente, fora desrespeitada, no entender dos militares que governavam o Brasil naquela época. Durante o espetáculo, foi pendurada no cenário do espetáculo uma bandeira, obra do artista plástico Hélio Oiticica, com a inscrição "Seja Marginal, Seja Herói", com a imagem de um traficante famoso naquela época, o Cara-de-Cavalo, que havia sido assassinado violentamente pela polícia. Os militares alegaram ainda que Caetano teria cantado o Hino Nacional inserindo versos ofensivos às Forças Armadas. Isto tudo serviria de pretexto político para que os militares suspendessem a apresentação, prendessem Caetano e Gil e, posteriormente, soltos e exilados no Reino Unido. O episódio é considerado como o fim do movimento vanguardista.
Ainda naquela ano, estreou o espetáculo Planeta dos Mutantes, misturando música, cenas bizarras e psicodelia. No final daquele ano, o grupo defendeu a canção "Ando Meio Desligado" IV Festival Internacional da Canção.
Em março de 1970, foi lançado A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, considerado um marco na carreira do grupo, que tenta se distanciar do tropicalismo e abraçar de vez o rock. O maior destaque do LP foi a canção-título "Ando Meio Desligado" (de Arnaldo, Sérgio e Rita). Outro destaque fica por conta da regravação de "Chão de Estrelas" (de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa), que foi muito criticada pelos críticos e puristas daquela época. No final daquele ano e com o baixista Liminha integrado ao trio Arnaldo-Sérgio-Rita, os Mutantes retornam à França para realizar algumas apresentações. À convite do produtor Carl Holmes, aproveitaram para gravar algumas canções no estúdio Des Dames, com a intenção era lançar um álbum principalmente em inglês para atrair público internacional. Mas a Polydor desistiria do projeto mesmo com um álbum inteiro já gravado. Somente em 1999, o disco seria lançado, chamado Tecnicolor.
No início de 1971, a banda foi contratada pela Rede Globo para serem uma das atrações fixas do programa Som Livre Exportação. Inicialmente, o grupo gostou, mas depois se desinteressou pelo projeto. Ainda naquele ano, foi lançado Jardim Elétrico, álbum no qual foram utilizados alguns instrumentos fabricados por Cláudio Baptista, irmão mais velho de Arnaldo e Sérgio. Quatro faixas gravadas em Paris foram aproveitadas para o disco. Em 30 de dezembro de 1971, Rita e Arnaldo se casaram. Ela disse anos depois que o casamento foi apenas para ganhar independência dos pais e que os irmãos disputaram no palitinho quem assinaria a certidão. Na volta da lua-de-mel, o casal rasgaria a certidão de casamento no programa de televisão da apresentadora Hebe Camargo.
Em março de 1972, foi lançado Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets. O título do disco é uma homenagem a Tim Maia, que era amigo dos Mutantes, e que chamava "baurets" os cigarros de maconha que costumava fumar. O LP mostrou a transição da banda em direção ao rock progressivo, com influências dos grupos Emerson, Lake & Palmer e Yes. A faixa "Cabeludo Patriota" sofreu com a censura e teve de mudar de nome e foram sobrepostos ruídos para esconder a frase "o meu cabelo é verde e amarelo". "Balada do Louco" (Arnaldo e Rita) foi o grande sucesso do álbum e um dos maiores da carreira do grupo. Outras canções foram bem executadas na mídia, como "Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde que Eu Tenha o Rock and Roll" (de Arnaldo, Rita e Liminha), "Vida de Cachorro" (de Arnaldo, Sérgio e Rita), "Cantor de Mambo" (de Élcio Decário, Arnaldo e Rita), "Todo Mundo Pastou" (de Ismar S. Andrade "Bororó"), "Rua Augusta" (Hervé Cordovil).
Foi também o último LP com a participação de Rita Lee. Alegou-se na época que sua saída ocorreu devido a diferenças musicais com os irmãos Baptista, mas na realidade esteve mais relacionada com ao fim do seu casamento com Arnaldo, em uma época em que os integrantes do grupo viviam em uma comunidade alternativa na Serra da Cantareira, na zona norte da cidade de São Paulo, onde drogas e trocas de parceiros sexuais eram uma constante. Isso acabou por abalar o relacionamento de Arnaldo e Rita.
Ainda em 1972, foi descoberto que havia sido instalado em São Paulo o primeiro estúdio de dezesseis canais do país. Os Mutantes tentaram convencer a Polydor a lançar mais um álbum da banda naquele ano, mas a gravadora, interessada em lançar a carreira solo de Rita Lee, determinou que apenas ela assinasse o disco, alegando que não ficaria bem para a banda lançar dois LP em um mesmo ano. Por isso. o LP Hoje É o Primeiro Dia Do Resto Da Sua Vida ficou creditado apenas a Rita Lee, embora os Mutantes como um todo tenham participado ativamente do álbum tanto na composição quanto na gravação.
Já sem Rita Lee, em 1973 os Mutantes estrearam o espetáculo, "2000 Watts de Som" e gravaram O A e o Z, LP que marcou de vez a adesão do grupo ao rock progressivo. Todas as suas faixas foram compostas e executadas sob o efeito de ácido lisérgico (LSD), o que desagradou a Polydor, que não aprovou o trabalho, o considerou sem valor comercial e decidiu não lançá-lo. Além de não comercializar o disco, a gravadora decidiu demitir a banda. O álbum seria lançado somente em 1992, pela PolyGram.
Os Mutantes continuam ativos, porém Arnaldo, debilitado pelo uso contínuo de drogas (em especial o LSD) e em depressão com o final de seu casamento, apresenta comportamentos patológicos, colecionando sacos cheios de lixo, a se comunicar numa espécie de idioma inventado por ele e a fazer planos de construir uma nave espacial. Arnaldo deixa a banda, seguido pelo baterista Dinho. Em 1974, depois de uma briga com os demais integrantes, o baixista Liminha é o próximo a abandonar o grupo.
Sérgio Dias decidiu manter a banda, mas teve de reformular toda a sua estrutura. No lugar de Arnaldo, Dinho e Liminha entraram respectivamente Túlio Mourão, Rui Motta e Antônio Pedro Medeiros. A nova formação conseguiu um contrato com a Som Livre em 1974, que lançou Tudo Foi Feito Pelo Sol no ano seguinte.
Mesmo após o lançamento do LP, as discussões não cessaram. Em 1976, Sérgio demitiu Túlio e Antônio, substituídos por Luciano Alves e Paul de Castro. Arnaldo recusou todos os pedidos do irmão Sérgio para que voltassem a tocar juntos. Em 1977, a gravadora lançou Mutantes Ao Vivo, gravado no MAM do Rio de Janeiro. O álbum não agradou os fãs e a crítica.
Em 1978, Arnaldo se reuniu com a banda como convidado especial em uma única apresentação, mas não aceitou o convite de Sérgio para voltar aos Mutantes'. Com mais alguns desentendimentos, Sérgio decidiu terminar com o grupo. O fim não poderia ser mais melancólico: aproximadamente duzentas pessoas comparecem ao último concerto do grupo, em 6 de junho em Ribeirão Preto.
Os Mutantes voltariam a ser notícia em 1992, quando os principais jornais brasileiros divulgaram que o grupo iria retornar em sua formação clássica. O que aconteceu na verdade foi um convite de Almir Chediak para que o grupo se reunisse em uma gravação. Sérgio tocou em alguns discos solo de Rita nas décadas de 1970 e 1980 e se apresentou em alguns concertos dela em 1992. Nesses espetáculos, a plateia gritava o nome de Arnaldo. Ainda naquele ano, Sérgio Dias convenceu Mayrton Bahia, diretor artístico da PolyGram, a lançar O A e o Z, gravado em 1973. A gravadora atendeu o pedido do ex-Mutante. Em 1996, o selo Natasha Records lançou um disco-tributo ao Mutantes, no qual os vários sucessos do grupo foram interpretados por artistas do cenário pop nacional, como Arnaldo Antunes, Kid Abelha, Lulu Santos, Pato Fu e Planet Hemp.
No ano 1999 a gravadora Universal, dona do catálogo da extinta Polydor, finalmente resolveu lançar Tecnicolor, o álbum gravado pela banda durante sua passagem pela França em 1970. A ilustração e a caligrafia do álbum, na versão editada no ano de 1999, são da autoria de Sean Lennon. Na época, em 1970, a PolyGran inglesa convidou o grupo a morar em Londres e pediu para que eles gravassem um álbum com canções em língua inglesa. Apenas Arnaldo Baptista sabia desse convite e só contou aos outros integrantes após regressaram ao Brasil.
Em fevereiro de 2005 a revista britânica Mojo incluiu o álbum Os Mutantes em sua lista de "50 Most Out There Albums of All Time" (algo como os "50 Discos Mais Experimentais de Todos os Tempos"). Eles obtiveram a 12ª posição na lista, à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa. Ainda em 2005, a também britânica Q Magazine igualmente colocou o álbum em 12º lugar, em sua lista dos "40 greatest psychedelic albums of all time" ("Os 40 maiores discos psicodélicos de todos os tempos).
Em 2006, os Mutantes foram homenageados na mostra Tropicália - A Rrevolution in Brazilian Culture, no Barbican Hall, em Londres, o principal centro cultural da Europa. Alegando compromissos agendados na mesma data do convite, Rita Lee não aceitou o convite. Liminha também declinou. Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Dinho Leme (que não tocava profissionalmente há cerca de trinta anos) aceitaram. Ao grupo original, juntou-se a cantora Zélia Duncan no lugar de Rita Lee e músicos da banda de Sérgio. Todos os ingressos para o concerto foram vendidos antecipadamente, teve como banda de abertura o grupo pernambucano Nação Zumbi e do músico texano Devendra Banhart, fã incondicional dos Mutantes. A primeira apresentação dos novos Mutantes se realizou com grande êxito no dia 22 de maio em Londres e foi gravada para futuro lançamento em CD e DVD, pela gravadora Sony BMG. Depois do concerto em Londres, os Mutantes seguiram para temporada nos Estados Unidos. Eles se apresentaram no Webster Hall, em Nova York, no Hollywood Bowl, em Los Angeles, no The Fillmore, em San Francisco, no Moore Theatre, em Seattle e Cervantes Masterpiece Ballroom, em Denver - além de participarem do Pitchfork Music Festival, em Chicago. Ainda naquele ano, a gravadora Universal remasterizou todos os disco da banda dos anos de 1968 a 1972, fazendo uso das fitas originais.
Em 25 de janeiro de 2007, o grupo faz sua primeira apresentação no Brasil em quase trinta anos. O concerto fez parte dos festejos do 453º aniversário da cidade de São Paulo e levou cinquenta mil pessoas ao Museu do Ipiranga. Em seguida, o grupo realizou uma turnê pelo Brasil. Em setembro daquele ano, Zélia Duncan e Arnaldo Baptista anunciaram a saída dos Mutantes. Zélia alegou que queria se dedicar mais a sua carreira solo. Arnaldo queria se dedicar aos seus projetos pessoais, que incluem escrever uma autobiografia, lançar um livro de ficção (Rebelde Entre os Rebeldes) e dois álbuns da Patrulha do Espaço, e promover uma exposição com suas pinturas e esculturas.
Sérgio Dias e Dinho Leme mantiveram a banda, que lançou em 25 de abril "Mutantes Depois", a primeira canção inédita dos Mutantes em mais de três décadas. O compacto pode ser baixado gratuitamente na Internet. Curiosamente, a canção está presente na trilha sonora da novela Os Mutantes - Caminhos do Coração.
Álbuns de estúdio
1968 – Os Mutantes
1969 – Mutantes
1970 – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado
1971 – Jardim Elétrico
1972 – Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets
1972 – Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida
1974 – Tudo Foi Feito Pelo Sol
1992 – O A e o Z (gravado em 1973)
2000 – Tecnicolor (gravado em 1970)
2009 – Haih or Amortecedor
Álbuns ao vivo
1976 – Mutantes Ao Vivo
2006 – Mutantes Ao Vivo - Barbican Theatre, Londres 2006
Compilações
1968 – Tropicália: ou Panis et Circencis (com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Nara Leão e Gal Costa)
1999 – Everything is Possible: The Best of Os Mutantes
2006 – De Volta Ao Planeta Dos Mutantes
2006 – Tropicália: A Brazilian Revolution in Sound (com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé, Gal Costa e Jorge Ben)
EP
1968 – A Voz do Morto/Baby/Marcianita/Saudosismo (com Caetano Veloso)
1969 – Fuga nº II/Adeus, Maria Fulô/Dois Mil e Um/Bat Macumba
1970 – Hey Boy/Desculpe Babe/Ando Meio Desligado/Preciso Urgentemente Encontrar Um Amigo
1976 – Cavaleiros Negros/Tudo Bem/Balada do Amigo
Compactos
1966 – "Suicida/Apocalipse"
1968 – "É Proibido Proibir/Ambiente de Festival" (com Caetano Veloso)
1968 – "A Minha Menina/Adeus Maria Fulô"
1969 – "Dois Mil e Um/Dom Quixote"
1969 – "Ando Meio Desligado/Não Vá Se Perder Por Aí"
1971 – "Top Top/It's Very Nice Para Xuxu"
1972 – "Mande Um Abraço Para Velha"
domingo, fevereiro 20, 2011
Raul Seixas - O Eterno Maluco Beleza
Raul Santos Seixas nasceu às 8 horas da manhã em 28 de Junho de 1945 numa família de classe média baiana que vivia na Avenida Sete de Setembro, Salvador. Seu pai, Raul Varella Seixas, era engenheiro da estrada de ferro e sua mãe, Maria Eugênia Santos Seixas, se dedicava às atividades domésticas. No próximo mês ele foi registrado no Cartório de Registro Civil de Salvador com o nome do pai e do avô paterno. Em 16 de setembro do mesmo ano, batizaram-no na Igreja Matriz da Boa Viagem.
Em 4 de dezembro de 1948, Raul Seixas ganhou um irmão, o único, Plínio Santos Seixas, com quem teria um bom relacionamento durante sua infância. Os estudos de Raul Seixas começaram em 1952, onde frequentou o curso primário estudando com a professora Sônia Bahia. Concluído o curso em 1956, fundou o Club dos Cigarros com alguns amigos. O trágico percurso escolar de Raul Seixas se iniciaria em 1957, quando ele ingressou no ginásio Colégio São Bento, onde foi reprovado na 2ª série por três anos. Um dos motivos da reprovação, segundo alguns biógrafos, é que ele, em vez de ir assistir as aulas, ouvia rock and roll — em seus primórdios — na loja Cantinho da Música. No mesmo ano, em 13 de Julho, Raul Seixas fundou o Elvis Rock Club com o amigo Waldir Serra Segundo a jornalista Ana Maria Bahiana, é através de Serrão que Raul Seixas começou a sair de casa e a manter uma vida social mais ampla. Segundo Raul, o encontro com Waldir foi fantástico: "me preparei todo, botei a gola pra cima, botei o topete, engomei o cabelo, e fiquei esperando ele, masclando chiclete". O Elvis Rock Club era como uma gangue, que procurava brigas na rua, fazia arruaça, roubava bugigangas e quebrava vidraças. Embora Raul não gostasse muito disso, "ia na onda, pois o rock (pelo menos a meu ver) tinha toda uma maneira de ser".
Então, a família resolveu matricular Raul num colégio de padres, o Colégio Interno Marista, onde ele alcançou a 3ª série em 1960, mas acabou repetindo o estágio em 1961. Ao que tudo indica, nessa época Raul Seixas começou a se interessar pela leitura. O pai de Raul Seixas amava os livros e possuía uma vasta biblioteca em casa. Tão logo decifrou o mistério das letras, o garoto pôs-se a ler os volumes que encontrava na biblioteca do pai Raul. Sendo assim, as histórias que lia na biblioteca fermentavam sua imaginação e, com os cadernos do colégio, fazia desenhos, criava personagens, enredos, para depois vender ao irmão quatro anos mais novo, que acabava ficando interessado e comprava os esboços. Segundo Raul, um dos personagens principais dessas histórias era um cientista maluco chamado "Mêlo" (algo como "amalucado"), que viajava para diversos lugares imáginarios como o Nada, o Tudo, Vírgula Xis Ao Cubo, Oceanos de Cores. Segundo Raul, Melô era sua "outra parte, a que buscava as respostas, o eu fantástico, viajando fora da lógica em uma maquinazinha em que só cabia um só passageiro... Melô-eu." Plínio ficava horas ouvindo o irmão contar suas histórias, dentro do quarto dos dois, e Raul frequentemente encenava os personagens como um ator.
Ambos os irmãos tinham algo em comum: adoravam literatura, mas odiavam a escola. Mais tarde, já maduro, Raul Seixas diria: "Eu era um fracasso na escola. A escola não me dizia nada do que eu queria saber. Tudo o que aprendia era nos livros, em casa ou na rua. Repeti cinco vezes a segunda série do ginásio. Nunca aprendi nada na escola. Minto. Aprendi a odiá-la." De um modo ou de outro, Raul Seixas precisava frequentar a escola vez ou outra. Em uma determinada ocasião, o pai perguntou a Raul como ele ia na escola e pediu seu boletim. Raul mostrou um boletim falsificado, com todas as matérias resultando em um 10. O pai questionava se ele havia estudado, mas Maria Eugênia interrompia, dizendo algo como "Estudou nada, ficou aí ouvindo rock o tempo inteiro, essa porcaria desse béngue-béngue, de élvis préji, de líri ríchi e gritando essas maluquices." Os pais de Raul, como toda a geração da época, estranhavam o rock e ele não era muito bem vindo entre as famílias.
Embora Raul mantivesse um gosto muito sincero pela música, seu sonho maior era ser escritor como Jorge Amado. Na sua cidade, escutavam Luís Gonzaga todos os dias, nas praças, nas casas, em todos os estabelecimentos. Enquanto isso Raul junta-se a cena do Rock que se formava em Salvador. "Em 54/55, ninguém sabia o que era rock. Eu tocava e me atirava no chão imitando Little Richard." . Com o passar do tempo a banda que chegou a ter diversos nomes, como Relampagos do Rock, formadas então pelos irmãos Délcio e Thildo Gama, , passa por várias formações e em 1963, passa a se chamar The Panters, banda que agora já se tornara sensação de Salvador. A fama se espalha, e a banda é rebatizada pelo nome Os Panteras. Nessa época Raul casa-se com a americana Edith Wisner.
Em 1968, Raulzito e Os Panteras gravam seu primeiro e único Disco, Raulzito e Os Panteras. Assinando contrato com a gravadora Odeon, após encontrarem Chico Anísio e o rei Roberto Carlos, que os reconheceu nos corredores de uma grande gravadora. O Disco no entanto não teria sucesso de critica nem de público. Eládio Gilbraz, um dos panteras, diria: " De um lado havia a inexperiência de quatro rapazes, recém-chegados da Bahia, falando em qualidade musical, agnoticismo, mudança de conceitos e sonhos. Do outro lado, uma multinacional que só falava em 'comercial". Talvez não tenha sido o disco que o grupo imaginara, mas nosso sonho era gravar um disco.
A partir daí, Raulzito e Os Panteras passariam sérias dificuldades no Rio de Janeiro. Raul morava em Ipanema, e ia a pé até o centro da cidade para tentar divulgar suas músicas, não obtendo sucesso. Embora algumas vezes os Panteras recebiam ajuda de Jerry Adriani, tocando assim como banda de apoio para o mesmo, que segundo Raul o deu muita experiência e o ajudou a descobrir como se comunicar, segundo ele, suas "músicas eram muito herméticas". Raulzito passaria então fome no Rio de Janeiro (como mais tarde escreveria em Ouro de Tolo).
Raul Seixas estava totalmente abalado pelo fracasso com Os Panteras, e a sua volta a Salvador. Escrevia ele: "Passava o dia inteiro trancado no quarto lendo filosofia, só com uma luz bem fraquinha, o que acabou me estragando a vista [...] Eu comprei uma motocicleta e fazia loucuras pela rua." No entanto a sorte começaria a mudar, um dia, conhece na Bahia um diretor da CBS Discos. Mais tarde ele convidaria Raul para ser produtor da gravadora. Sem pensar duas vezes, ele faz as malas, junto a Edith, e volta para o Rio.
Raul volta ao Rio para usar seus enciclopédicos conhecimentos de música como produtor fonográfico. Nos cadernos de composições de Raul começaria a ser alimentada uma revolução.
Esta seria a segunda chance de Raul, apostando no talento do amigo, Jerry Adriani convence o então presidente da CBS, Evandro Ribeiro, a dar a Raulzito um emprego de produtor. Raulzito trabalhou anonimamente por um bom tempo.
Raul após ter entrado na CBS, fez grandes aliados e amigos. Ainda em 1968, a dupla Os Jovens e a banda The Sunshines apostaram em suas letras. No entanto, Raul faria um grande amigo e parceiro: Leno. Da dupla Leno e Lilian. "Raulzito sempre esteve 20 anos adiante de seu tempo e Leno o compreendia; na verdade, sempre houve uma grande admiração mútua". Diria Arlindo Coutinho, da relações públicas da CBS. Em seu compacto duplo Papel Picado, lançado em 1969, Leno registrou Um Minuto Mais, versão de Raulzito para I Will (nada a ver com a canção de Paul McCartney). Também não se pode esquecer de Mauro Motta, outro grande parceiro de Raul nesta fase.
Jerry Adriani decide convocar Raulzito para ser o produtor de seus discos. No álbum de 1969, aproveitou para gravar uma de suas músicas, Tudo Que É Bom Dura Pouco. Naquela mesma época, outros ídolos da Jovem Guarda também apadrinharam Raulzito gravando suas letras como Ed Wilson, Renato e seus Blue Caps, Jerry Adriani, Odair José.
1970 marcou o início de uma fase muito ativa na carreira de Raulzito, como produtor da CBS. Primeiramente, suas composições passaram a ser gravadas pelos artistas do cast da gravadora. Passou o ano produzindo discos para Tony & Frankye, Osvaldo Nunes, Jerry Adriani, Edy Star e Diana, além de escrever uma quantidade enorme de músicas para os colegas da gravadora. Algumas de muito sucesso, como Doce doce amor (Jerry Adriani), Ainda queima a Esperança (Diana) e Se ainda existe amor (Balthazar). Raulzito nessa época passa a ter um bom emprego de respeitado produtor, que conseguira lançar suas composições como Hits na voz de outros cantoress e produzir grandes artistas. Mas Raulzito não se conformava apenas com isso, com o apoio de Sergio Sampaio, Raul passa cada vez mais a realimentar os sonhos de quando ainda morava em Salvador, que era ser um cantor.
Ao lado de Leno, Raulzito participa do disco Vida e Obra de Johnny McCartney, disco solo de Leno, em que ambos buscam novos caminhos e experimentações. Juntos assinam letras e composições em parcerias. Foi o primeiro Lp gravado em oito canais no Brasil. As letras do Disco foram censuradas, e o Disco não foi lançado na época. Outro projeto mal sucedido seria a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 onde Raul Seixas deu inicio a produção de um projeto de ópera-rock, tendo as letras mutiladas pela censura do Regime Militar. O Sociedade Grã Ordem Kavernista era um disco Anarquico, inspirado em Frank Zappa e o então cultuado Disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles misturado a elementos brasileiros, como samba, chorinho, baião. O Movimento no entanto não dera certo.
No início dos anos 1970, Raul decide participar do Festival Internacional da Canção, de 1972, sendo convecido pelo amigo e parceiro Sérgio Sampaio. Raul inscreve-se no Festival duas de suas músicas, Let me sing My Rock n Roll, defendida pelo prório Raul e Eu sou eu e Nicuri é o diabo, defendida por Lena Rios & Os Lobos, ambas chegam a final, obtendo sucesso de critica e de público. Na época, Raul também se interessa por um artigo sobre extraterrestres publicado na revista A Pomba e teve o seu primeiro contato com o escritor Paulo Coelho, que mais tarde, se tornaria seu parceiro musical.
No ano de 1973, Raul conseguiu um grande sucesso com a música "Ouro de Tolo" no álbum Krig-Ha, Bandolo, uma música com letra quase autobiográfica, mas que debocha da Ditadura e do "Milagre Econômico".
O mesmo LP também continha outras músicas que se tornaram grandes sucessos, como: "Metamorfose Ambulante, "Mosca na Sopa" e Al Capone.
Raul Seixas finalmente alcançou grande repercussão nacional como uma grande promessa de um novo compositor e cantor.[carece de fontes?] Porém, logo a imprensa e os fãs da época foram aos poucos percebendo que Raul não era apenas um cantor e compositor.
No ano de 1974, Raul Seixas e Paulo Coelho criam a Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley, onde a principal lei é "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei". Em todos os seus shows, Raul divulgava a Sociedade Alternativa com a música de mesmo nome. A Ditadura, então, através do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo. Depois de torturados, Raul e Paulo foram exilados para os Estados Unidos onde Raul Seixas teria supostamente se encontrado com John Lennon. No entanto, o seu LP Gita gravado poucos meses antes faz tanto sucesso, que ambos voltaram ao Brasil. O álbum Gita rendeu a Raul um disco de ouro, após vender 600.000 cópias. Ainda neste ano, Raul separa-se de Edith, que vai para os Estados Unidos com a filha do casal, Simone.
Em 1975, casa-se com Gloria Vaquer, e grava o LP Novo Aeon, onde Raul compôs uma de suas músicas mais conhecidas, "Tente Outra Vez". O LP, porém, vendeu menos de 60 mil cópias.
Em 1976, Raul supera a má-vendagem do disco anterior com o disco Há Dez Mil Anos Atrás. Neste mesmo ano, nasce sua segunda filha, Scarlet.
Naquele final de década as coisas começaram a ficar ruins para Raul. A parceria com Paulo Coelho é desfeita. O cantor lança três discos pela WEA (hoje Warner Music Brasil), a partir de 1977, que fizeram sucesso de público e desgosto na crítica (O Dia Em Que A Terra Parou, que continha canções como "Maluco Beleza" e "Sapato 36"; Mata Virgem, em 1978 e Por Quem Os Sinos Dobram, em 1979). Por volta deste período, intensifica-se a parceria com o amigo Cláudio Roberto Andrade de Azevedo (geralmente creditado como Cláudio Roberto), com quem Raul compôs várias de suas canções mais conhecidas.
A partir do ano de 1978, começa a ter problemas de saúde devido ao consumo de álcool, que lhe causa a perda de 1/3 do pâncreas.[carece de fontes?] Separa-se de Glória, que vai embora para os EUA levando a filha Scarlet. Neste ano, conhece Tania Menna Barreto, com quem passa a viver.
No ano de 1979, separa-se de Tania. Começa então a depressão de Raul Seixas junto com uma internação para tratar do alcoolismo. Conhece Angela Affonso Costa, a Kika Seixas, sua quarta companheira.
No ano de 1980, assina novamente contrato com a CBS (desta vez como cantor) lançando mais um álbum, Abre-te Sésamo, que contém outros sucessos e têm as faixas "Rock das 'Aranha'" e "Aluga-se" censuradas. Logo depois o contrato é rescindido.
Em 1981 nasce a terceira filha, Vivian, fruto de seu casamento com Kika.
Em 1982 faz um show na praia do Gonzaga, em Santos, reunindo mais de 150 mil pessoas. No mesmo ano, Raul apresenta-se bêbado em Caieiras, São Paulo, e é quase linchado pela platéia que não acredita que Raul é o próprio, mas um impostor.
Desde 1980 Raul estava sem gravadora e agora também sem perspectiva de um novo contrato. Mergulhado na depressão, Raul afunda-se nas drogas. Porém, em 1983, Raul é convidado para gravar um disco pelo Estúdio Eldorado. Logo depois, Raul é convidado para gravar o especial infantil Plunct, Plact, Zuuum da Rede Globo, onde canta a música "Carimbador Maluco". O álbum Raul Seixas (1983), que continha a canção, dá à Raul mais um disco de ouro. Em 1984 grava o LP "Metrô Linha 743" pela gravadora Som Livre. Mas depois Raul teve as portas fechadas novamente, devido ao seu consumo excessivo de álcool e constantes internações para desintoxicação. Também em 1984 a Eldorado lança o disco Ao Vivo - Único e Exclusivo.
Em 1985, separa-se de Kika Seixas. Faz um show em 1 de dezembro 1985, no Estádio Lauro Gomes, na cidade de São Caetano do Sul. Só voltaria a pisar no palco no ano de 1988, ao lado de Marcelo Nova.
Conseguindo um contrato com a gravadora Copacabana, em 1986 (de propriedade da EMI), grava um disco que foi lançado somente no ano seguinte, devido ao alcoolismo de Raul. O disco Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum! faz grande sucesso entre os fãs, chegando a ganhar disco de ouro e estando presente até em programas de televisão, como o Fantástico. Nesta época, conhece Lena Coutinho, que se torna sua companheira. A partir desse ano, estreita relações com Marcelo Nova (fazendo uma participação no disco Duplo Sentido, da banda Camisa de Vênus).
Um ano mais tarde, 1988, já separado de Lena, faz seu último álbum solo, A Pedra do Gênesis.
A convite de Marcelo Nova, faz alguns shows em Salvador, após três anos sem pisar num palco.
No ano de 1989, faz uma turnê com Marcelo Nova, agora parceiro musical, totalizando 50 apresentações pelo Brasil. Durante os shows, Raul mostra-se debilitado. Tanto que só participa de metade do show, a primeira metade é feita somente por Marcelo Nova.
As 50 apresentações pelo Brasil resultaram naquele que seria o último disco lançado em vida por Raul Seixas. O disco foi intitulado de A Panela do Diabo, que foi lançado pela Warner Music Brasil no dia 22 de agosto de 1989.
Um dia antes, na manhã do dia 21 de agosto, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama pela sua empregada Dalva, por volta das oito horas da manhã, vítima de uma parada cardíaca: seu alcoolismo, agravado pelo fato de ser diabético, e por não ter tomado insulina na noite anterior, causaram-lhe uma pancreatite aguda fulminante. O LP A Panela do Diabo vendeu 150.000 cópias, rendendo a Raul um disco de ouro póstumo, entregue à sua família e também a Marcelo Nova, tornando-se assim um dos discos de maior sucesso de sua carreira.
Depois de sua morte, Raul permaneceu entre as paradas de sucesso. Foram produzidos vários álbuns póstumos, como O Baú do Raul (1992), Raul Vivo (1993 - Eldorado), Se o Rádio não Toca... (1994 - Eldorado) e Documento (1998). Inúmeras coletâneas também foram lançadas, como Os Grandes Sucessos de Raul Seixas de (1993), a grande maioria sem novidades, mas algumas com músicas inéditas como As Profecias (com uma versão ao vivo de "Rock das Aranhas") de 1991 e Anarkilópolis (com "Cowboy Fora da Lei Nº2") de 2003. Sua penúltima mulher, Kika, já produziu um livro do cantor (O Baú do Raul), baseado em escritos dos diários de Raul Seixas desde os seis anos de idade até a sua morte.
Em 2004, o canal a cabo Multishow promoveu um show especial de tributo a Raul, intitulado O Baú do Raul: Uma Homenagem a Raul Seixas. O show, gravado na Fundição Progresso (Rio de Janeiro) e lançado em CD e DVD, contou com artistas como Toni Garrido, CPM 22, Marcelo D2, Gabriel o Pensador, Arnaldo Brandão, Raimundos, Nasi, Caetano Veloso, Pitty e Marcelo Nova (os três últimos baianos, como Raul).
Mesmo depois de sua morte, Raul Seixas continua fazendo sucesso entre novas gerações. Vinte anos depois de sua morte, o produtor musical Mazzola, amigo pessoal de Raul, divulgou a canção inédita "Gospel", censurada na década de 1970. A canção foi incluída na trilha sonora da telenovela Viver a Vida, da Rede Globo.
sábado, fevereiro 19, 2011
Capitão América - O Filme
Captain America: The First Avenger estreia em 22 de julho nos EUA e em 29 de julho no Brasil.
Sinopse: Steve Rogers (Chris Evans) tem saúde frágil, vem de família pobre e sonha em fazer parte do exército americano. Esse sonho se inviabiliza por conta dos problemas de saúde, mas chama a atenção de um general que vê a dedicação do garoto. Por isso, o general o convida para participar do teste do soro radioativo chamado Supersoldado. Rogers, então, fica saudável e começa o treinamento intensivo para lutar contra o mal na liderança do grupo Os Vingadores.
Elenco: Chris Evans (Steve Rogers), Hugo Weaving (Caveira Vermelha), Hayley Atwell (Peggy Carter), Sebastian Stan (Bucky Barnes), Tommy Lee Jones (General Chester Phillips), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Dominic Cooper (Howard Stark), Neal McDonough (Dum Dum Dugan), Stanley Tucci (Dr. Abraham Erskine) e Toby Jones (Arnim Zola).
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
Essa é Uma Banda MADE IN BRAZIL
Made in Brazil é uma das bandas de rock mais antigas em atividade no Brasil. Formada em 1967 no bairro da Pompeia (Berço de muitas bandas na época, Os Mutantes, Tutti Frutti, etc...) pelos irmãos Oswaldo Vecchione e Celso Vecchione.
O primeiro disco "Made in Brazil" de 1974, famoso disco conhecido como o "Disco da Banana" (pois trazia o desenho de uma banana na capa principal), cultuado até hoje como um dos melhores discos de rock da década de 70, trazia um rock vigoroso e com vocais muito bem elaborados por Cornelius ("Cornélius Lucifer"). Esse disco conta ainda com o baterista Rolando Castello "Junior" que logo depois formaria a Patrulha do Espaço. Em 1975 é lançado "Jack o Estripador", disco já com Percy Weiss nos vocais e Ezequiel Neves na produção, e muitas músicas que fizeram sucesso durante muito tempo, embalando a trilha sonora de muitos jovens na época como Jack o Estripador, Quando a Primavera Chegar, Batatinhas etc... "Minha Vida é o Rock'n Roll", outro disco do final da década de 70, já traz o próprio Oswaldo como vocalista principal além de baixista, função essa que exerce até hoje. Logo depois lançam um disco ao vivo com o nome de "Pirata".
O "Made in Brazil" tem uma particularidade que o colocou no "Guinness" o Livro dos Recordes: é a banda em atividade que teve o maior número de formações do mundo (são mais de 200).
Hoje, com a formação contando com Oswaldo (vocal e baixo), Celso (Guitarra), Tony Babalu (Guitarra) e Rick Monstrinho (Bateria, filho do Oswaldo), eles ainda incendeiam as casas de shows onde se apresentam e lançam excelentes discos como "Massacre", lançado em 2005 e muito esperado pelos fãs. "Massacre" foi gravado originalmente em 1977, mas o disco todo foi censurado na época e acabou só vindo a público em 2005.
Álbuns de estúdio e ao vivo
1974 - Made in Brazil
1976 - Jack o Estripador
1978 - Paulicéia Desvairada
1981 - Minha Vida É Rock and Roll
1985 - Deus Salva... O Rock Alívia
1986 - Made Pirata - Ao Vivo - Vol. I
1986 - Made Pirata - Ao Vivo - Vol. II
1992 - In Blues (Álbum Ao Vivo)
1998 - Sexo, Blues & Rock 'n' Roll
2000 - Fogo na Madeira (Ao Vivo - Acústico)
2001 - Fogo na Madeira 2 (Ao Vivo - Acústico)
2005 - Massacre (1977)
2008 - Rock de Verdade!
Coletâneas
1975 - Implosão do Rock
1985 - Metal Rock
1992 - Rock - Acervo
1995 - Made in Brazil - Antologia (acervo)
terça-feira, fevereiro 15, 2011
Patrulha do Espaço - Mais um Clássico do Rock Nacional
O grupo foi formado em 1977, por Arnaldo Baptista. Além de Arnaldo a banda também contava com: John Flavin na guitarra, Rolando Castello Júnior na bateria e Osvaldo 'Cokinho' Gennari, no baixo. Desse período ficou o registro do disco "Elo Perdido", que só iria chegar ao conhecimento do público mais de uma década depois. Os músicos ensaiaram por 30 ou 40 dias seguidos, e já com Eduardo 'Dudu' Chermont no lugar de Flavin, a banda fez sua estréia no dia 17 de setembro com um show no ginásio do 'Ibirapuera' para um público de 8.000 pessoas. Em 28 de maio de 1978, após muitos shows por diversas cidades do Brasil, Arnaldo decidiu largar a banda. Sua saída causou grande transtorno ao grupo, não só porque o músico era o principal cantor e compositor, mas também devido à banda estar com muitos compromissos a cumprir dentro de poucos dias. A saída foi colocar Eduardo Chermont para fazer os vocais e resgatar antigas composições das outras bandas das quais os músicos haviam participado antes de ingressarem na "Patrulha". Durante os dez dias de frenéticos ensaios, muitos amigos 'pintaram' para dar uma ajuda e entre eles apareceu Percy Weiss, ex-vocalista do "Made In Brazil". Quando a banda percebeu, o vocalista já era um 'patrulheiro' oficial. No dia 8 de julho de de 1978, a nova "Patrulha" fez sua estréia no Ginásio de Esportes de Sorocaba. Após alguns meses com essa nova formação, os desentendimentos com o vocalista Percy começaram a aparecer. A banda ainda tentou segurar a barra trazendo Walter Baillot (ex-"Joelho de Porco") para a segunda guitarra. Mesmo assim, as coisas não renderam e no dia 16 de abril de 1979 o grupo fez seu último show com Percy e Walter, no teatro 'Pixinguinha'. Após sua saída, Percy voltou ao "Made In Brazil". Porém, nem a amizade e muito menos a história do vocalista na "Patrulha" ainda haviam acabado. Ainda em 1979, a banda entrou em estúdio para a gravação do seu primeiro disco. Logo no início das gravações, 'Dudu' apresentou alguns problemas com a voz e o velho amigo Percy Weiss, que havia aparecido no estúdio como que por mágica, acabou incumbido de colocar as vozes na maioria das canções. Para o lançamento do Lp, a banda iniciou uma grande turnê pelo sul do país, algumas cidades do estado de São Paulo e também por algumas cidades da Argentina. Desencontros, problemas e falsas promessas da produção Porteña, resultaram na perda das fitas master com todo o primeiro trabalho da banda e demais materiais. A partir daí a turnê dos sonhos acabou se transformando em um verdadeiro pesadelo. Isso provocou um enorme rompimento na estrutura da banda e por conseqüência um grande afastamento de 'Cokinho' em relação ao grupo. Assim, dois anos após o início da banda, no dia 24 de novembro de 1979, o trio fez seu último show oficial com 'Cokinho'. Após um tempo, a banda, no início de 1980, convidou Sérgio Santana para assumir o baixo da "Patrulha". Para iniciar a nova década com força total a banda marcou um série de shows no teatro 'Abertura' em São Paulo, onde não poderiam de modo algum cometer qualquer vacilo. Como o grupo ainda não tinha se entrosado completamente com o Sérgio, a saída foi chamar a velho amigo 'Cokinho' para a série de espetáculos. Quatro dias de teatro completamente lotado despediram dignamente o grande 'Cokinho'. Mais alguns shows foram feitos e a banda resolveu dar um tempo para poder ensaiar e compor com Sérgio Santana. Durante esse tempo a banda acabou resgatando, Deus sabe como, algumas cópias das fitas master do primeiro trabalho e finalmente conseguiu lançar o tão sonhando Lp, exatamente um ano depois da previsão inicial.
Em 1981, a "Patrulha" iniciou as gravações de seu segundo trabalho. As gravações aconteceram nos mesmos moldes do primeiro Lp, ou seja, o mínimo de sessões possíveis foram utilizadas para a gravação do disco. Para esse segundo disco Eduardo Chermont assumiu quase que completamente os vocais da banda, mas a presença de Sérgio Santana como compositor e cantor estava começando a aparecer em temas como "Planet Rock". A grande diferença desse trabalho em relação ao primeiro, é que o grupo finalmente conseguiu fechar um contrato de distribuição e prensagem com uma grande gravadora, o que possibilitou finalmente que o trabalho da "Patrulha" fosse divulgado em todo Brasil. O restante do ano foi tomado por grandes concertos em todo interior paulista e no lançamento do segundo disco, no ginásio do 'Palmeiras' em 14 de dezembro de 1981. Em 1982, a "Patrulha" passava por um momento de grandes incertezas quanto ao seu futuro. Apesar da boa distribuição e das excelentes vendas do segundo álbum, a gravadora acabou realizando algumas más negociações e isso acabou não trazendo um retorno financeiro para a banda. A solução encontrada pelo grupo foi a de mais uma vez cair na estrada e tentar angariar fundos para o 3º álbum. As gravações do que seria conhecido como o 'álbum branco' da "Patrulha" ocorreram nos mesmo moldes dos dois primeiros trabalhos da banda, ou seja, pouquíssimas sessões de estúdio foram gastas para a gravação do disco. O Lp também firmou definitivamente a posição de Sérgio Santana como principal compositor e cantor da banda. Devido aos problemas financeiros acarretados pelo segundo disco, a banda não se encontrava em condições de lançar o álbum de modo totalmente independente e como não poderiam recorrer às grandes gravadoras, já que estas estavam fechadas para o mercado rock'n'roll no país, a saída então foi unir forças ao selo 'Baratos Afins' de propriedade de Luíz Calanca e lançar o álbum de modo meio que independente. Em 1983, eram fortes os boatos de que o grupo "Van Halen" viria ao Brasil para uma série de shows e que a pedido do próprio "Van Halen" a "Patrulha" estava incumbida de fazer os shows de abertura da banda em São Paulo. Mesmo com todos esses boatos aumentando cada vez mais, devido à proximidade do show, a banda manteve a cabeça fria e continuou achando que nada iria acontecer. No dia 20 de janeiro de 1983, apenas um dia antes do primeiro show do "Van Halen" em São Paulo, Sérgio Santana e Rolando Castello Júnior quase desmaiaram ao ficaram sabendo que todos os boatos haviam se concretizado e que realmente a "Patrulha" iria abrir os shows do "Van Halen". Nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 1983, a "Patrulha" talvez tenha vivido o 'Grand Momentun' de toda a sua história. Shows que premiaram merecidamente todos os anos de dura batalha e total profissionalismo da banda. Profissionalismo esse que mereceu até elogios do próprio Eddie Van Halen, que fez questão de ir ao camarim da banda para cumprimentá-los pessoalmente. Após os shows do "Van Halen", a banda não quis perder tempo e conseguiu organizar pela primeira vez a tão sonhada turnê por todo o país. Tudo foi feito do modo mais profissional possível, para que com isso o grupo conseguisse pela primeira vez ter uma divulgação e uma exposição de modo ininterrupto, pelos 4 cantos do Brasil. Porém, um acontecimento trágico obrigaria a banda a parar e a desistir de tudo o que havia sido planejado: Alguns tiros levaram não só o baterista Rolando astelo Júnior para o hospital, mas também levaram todos os sonhos, esperanças e talvez a última grande chance da banda. Seis meses de sofrimento, recuperação, miséria e esquecimento por parte da mídia se passaram, até que a banda voltasse para a estrada. Durante esse período, a "Patrulha" fez um show no dia 1º de maio de 1983 no 'Heavy Metal', em Santos. Na bateria estava Paulo Tomaz e toda a arrecadação do show foi doada ao baterista Rolando Castello Júnior. Ainda em 83, de volta à estrada e com sua formação oficial, o grupo realizou um show no clube 'Gran' em Limeira. O show foi o modo escolhido pela banda para arrecadar fundos para a gravação do 4º álbum. Com o lançamento do disco, ficou claro o controle quase que total de Sérgio Santana nos vocais e na autoria das canções. Isso iniciou (sem que ninguém ainda percebesse) um processo de afastamento definitivo de Eduardo Chermont do grupo. A primeira separação ocorreu durante a turnê que o grupo realizou, após 4 anos, pelo sul do país. Sérgio e Júnior para cumprir com a agenda de shows foram obrigados a chamar Fábio 'Índio' Amaral para a realização de algumas apresentações. Já de volta a São Paulo e com a paz aparentemente restabelecida, a banda realizou no 'Woodstock Music Hall' o show de lançamento do 4º Lp. Nos dias 29 e 30 de dezembro de 1983, a "Patrulha", ainda sem saber, fez seus últimos shows com o guitarrista Eduardo Chermont. Com a saída de 'Dudu' a banda não perdeu apenas um grande amigo e guitarrista, mas sim seu ultimo grande 'Momentun'. No início de 1984, a "Patrulha" estava à procura de um grande guitarrista, e após muita 'batalha', todas as fichas foram depositadas em um guitarrista argentino chamado Horácio. Porém, quis o destino mais uma vez pregar uma peça na banda. Horácio acabou falecendo em um acidente de moto no cruzamento da Avenida 9 de Julho com a Avenida Brasil. O tempo foi passando e tanto Sérgio Santana quanto Júnior já estavam 'jogando a toalha'. O desânimo e o marasmo cada vez levavam os rapazes a pensar que a "Patrulha" havia pousado de modo definitivo no hangar. Nesse meio, tempo Sérgio ainda conseguiu com que os estúdios 'Mosh' fornecessem algum tempo para que ele, Júnior e Fábio 'Índio' Amaral gravassem uma demo chamada "Tráfego Pesado". Como nada aconteceu, Sérgio e Júnior decidiram dar um tempo à banda. No final de 1984, as esperanças voltaram a aparecer. Com a proximidade do mega show 'Rock In Rio', havia uma remota possibilidade de que a banda fosse convidada para participar do evento. Essas esperanças só aumentaram quando Júnior descobriu, por intermédio de alguns contatos feitos com empresários, que seu velho amigo dos tempos da banda 'Aeroblues' (grupo formado na Argentina em 1977 e que contava com 'Pappo' na guitarra, Medina no baixo e Júnior na bateria) e guitar-hero argentino 'Pappo' estava no Rio de Janeiro. Após algumas conversas com 'Pappo' tudo ficou acertado e o guitarrista decidiu se mudar para São Paulo e tentar algo com a banda. Já sem se preocupar com o festival do 'Rock In Rio', a banda começou a ensaiar e a compor rapidamente e sendo assim, decidiram gravar todo o novo material. Os novos temas, gravados pela banda nos estúdios 'Vice-Versa', mostraram claramente a influência de um som mais pesado que 'Pappo' havia colocado na banda. Algum tempo depois, o guitarrista voltou para a Argentina para resolver alguns problemas e mandar uma nova aparelhagem para o grupo. Ao retornar para o Brasil, o guitarrista acabou tendo muitos problemas com a alfândega brasileira, o que acarretou na perda de todo o equipamento. Isso acabou abalando por completo não apenas 'Pappo', mas também toda a "Patrulha". Isso somado a uma proposta irrecusável feita ao guitarrista para o seu retorno à Argentina fizeram com que Sérgio e Júnior resolvessem dar um 'basta' no trabalho e decretar uma parada de muitos anos da banda. O disco com o material gravado (5 canções ao todo), nos estúdio 'Vice-Versa', chegou a ser lançado com o nome de "Patrulha 85". Durante os 3 anos que se seguiram o baterista Júnior formou a banda "Inox" com a qual gravou um Lp em 86. Sérgio Santana por sua vez reformulou a sua antiga banda "Baggas Guru" e também chegou a lançar um álbum. Em 1988, após cinco anos longe dos palcos, a "Patrulha" foi convidada para fazer um show no 'Centro Cultural' de São Paulo. A vontade de voltar a tocar nos palcos era grande, porém o maior problema para a banda ainda estava na falta de um guitarrista. O velho amigo 'Dudu' era 'carta fora do baralho', já que ele havia se retirado do mundo da música, devido a problemas de saúde. Uma luz no fim do túnel acabou surgindo quando o grupo convidou o velho amigo e grande guitarrista Rubens Gióia (ex-"Chave Do Sol"). Após a entrada de Rubens a banda ainda ganhou o reforço de Percy Weiss para os vocais. Assim, todo o jejum de palco pelo qual a banda havia passado, finalmente acabou no dia 21 de junho de 1988, com o show do 'Centro Cultural' de São Paulo. Mesmo assim, ainda não foi dessa vez que a banda voltaria à ativa. O grande problema dessa vez estava no fato de que o baterista Júnior estava residindo em Curitiba. Além do que existia um grande respeito dos músicos com relação a toda história da banda e se não e para fazer um projeto legal e profissional acima de tudo, qualquer volta estaria descartada.
Em 1990, finalmente a "Patrulha" (com Júnior, Sérgio e Rubens Gióia) resolveu sair do hangar e voltar à ativa. Após muitos ensaios a banda entrou em estúdio para gravar 3 novas demos, "Gata", "Cidade Nua" e "Pátria Amada", pensando em negociar esse novo material com alguma grande gravadora. A banda também sentiu que a volta aos palcos teria que ser em grande estilo. Sendo assim, agendou um show no "Dama Xoc" em São Paulo e um no "Tivoli Park" no Rio de Janeiro. O show de São Paulo, realizado no dia 12 de junho de 1990, ainda contou com as participações de Fernando Deluqui, Percy Weiss e Paulo Zinner. Prevendo um futuro muito promissor pela frente, a banda começou novamente a reatar contatos e tentar recuperar todo o tempo que haviam perdido. Porém ninguém poderia imaginar que o show realizado pela banda na cidade de Maringá no dia 20 de outubro de 1990, fosse o último de Sérgio Santana na "Patrulha". No dia 27 de maio de 1991, a pior notícia possível para a banda acabou ocorrendo: Sérgio Santana havia falecido. Completamente arrasado pela perda do amigo de mais de 10 anos, Rolando Castello Júnior se viu mais uma vez obrigado a desistir de todos os sonhos e esperanças e novamente recolheu a "Patrulha" de volta ao hangar. Em setembro de 1991, a banda realizou 3 shows no interior de São Paulo e Paraná com diferentes formações em cada uma das apresentações. Ainda em 1991, a banda (já com Xando Zupo na guitarra e Marcelo Bettamio nos vocais) recebeu uma proposta irrecusável para a realização de um show na cidade de Ponta Grossa. O show foi um tremendo sucesso e por um momento Júnior sonhou em novamente reagrupar a "Patrulha". Em 1992, foi gravado (só seria lançado em 94) o álbum "Primus Inter Pares", um álbum em homenagem ao velho amigo Sérgio Santana. A banda reunida por Júnior, contou com as participações dos 'patrulheiros' : Percy Weiss, Rubens Gióia e Xando Zupo. O baixo ficou por conta de Renê Seabra. Já em 94, Júnior e Osvaldo 'Cokinho' reencontraram o velho amigo 'Pappo' e com ele realizaram dois shows, um em São Paulo e outro em Rudge Ramos. Em 1995, Júnior, 'Cokinho', Rubens e Percy (a formação que mais chegou perto da "Patrulha" original), entraram nos estúdios 'Be-Bop' em São Paulo e gravaram 3 músicas, "Sexy Sua", "Gata" e "Pátria Amada". No final apenas "Gata" chegou a ser mixada, porém nunca lançada. Mesmo com uma turnê de sucesso realizada pelo sul do Brasil, vários compromissos de cada integrante fizeram com que esta volta da banda não passasse de mais uma tentativa frustrada. Em 1999, novamente a "Patrulha", assim como a Phoenix, renasceu de suas próprias cinzas e com pique total. Novamente o baterista Rolando Castello Júnior colocou todos os seus sonhos e esperanças em uma nova formação e em uma nova fase. Além do baterista, ainda completavam a banda o veterano baixista Luiz "Tigueis" Domingues (ex-Chave do Sol" e "Língua de Trapo") e os multi-instrumetistas Rodrigo Hid (vocal, guitarra, percussão e teclados) e Marcello Schevano (vocal, guitarra, flauta e teclados).
Em 2000 a banda lançou Chronophagia. Um trabalho completamente rock'n'roll e com muita energia. Depois foi a vez do EP "Compacto", e em 2004 sai o "Missão Na Área 13". Retornando definitivamente à estrada, de 1999 a 2008, realizou centenas de shows por todo país e, de volta também aos estúdios, lançou os cds, Dossiê Volume 4, Compacto e Missão na Área 13, contendo 12 músicas inéditas e em 2007 o primeiro disco ao vivo "Capturados Ao Vivo no CCSP". A Patrulha do Espaço realiza em 2009 a turnê nacional e internacional que reúne alguns dos principais sucessos da banda e novas composições. A Patrulha do Espaço tem se apresentado nos principais festivais de rock e de música do Brasil: Virada Cultural em São Paulo, Psicodália e Rural Rock Fest em Santa Catarina, Goiânia Noise em Goiás, Ferrock no Distrito Federal, além de realizar shows em teatros e casas de rock do país.
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
Lanterna Verde o Filme
A Warner Bros. anunciou que o filme do Lanterna Verde vai estrear no Brasil e em outros países da América do Sul no dia 30 junho, duas semanas após o lançamento nos EUA, que acontece no dia 17 de junho.
A adaptação dos quadrinhos vai mostrar como Hal Jordan (Ryan Reynolds), um piloto de testes, se tornou um dos Lanternas Verdes, membro de uma irmandade de guerreiros que jurou manter a ordem intergaláctica.
Estão no elenco Ryan Reynolds (Hal Jordan), Blake Lively (Carol Ferris), Peter Sarsgaard (Hector Hammond), Mark Strong(Sinestro), Temuera Morrison (Abin Sur), Tim Robbins(Senador Hammond), Angela Basset (Amanda Waller) e Taika Waititi. A direção é de Martin Campbell (“007 – Cassino Royale”).
sábado, fevereiro 12, 2011
Banda Ave de Veludo
Em 1984 era lançado um dos primeiros disco de Blues em Português do Brasil, “Elétrico Blues” da banda Ave de Veludo, banda paulista formada na década de 70.
A Banda tinha em sua formação Índio (voz), Ney Prado (guitarra), Paulinho Prado (baixo) e Sérgio Tenório (bateria).
O som não é o Blues tradicional, parece mais com os primeiros trabalhos de Blues das bandas Inglesas da década de 60. Realmente o blues no Brasil teve seu início bem tardio, mas como dizem, antes tarde do que mais tarde.
O disco Elétrico Blues, foi lançado no formato de LP pelo selo Baratos Afins, e foi relançado em CD tempos mais tarde.
Compre o disco aqui: http://www.baratosafins.com.br/
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
Thor o Filme
O arrogante Thor (Chris Hemsworth) é expulso de seu lar e enviado à Terra por ter reiniciado uma antiga guerra. Obrigado a conviver com mortais, ele deverá aprender a ser um verdadeiro herói para combater as forças do mal que ameaçam a Terra.
Informações Técnicas
Título no Brasil: Thor
Título Original: Thor
País de Origem: EUA
Gênero: Aventura
Ano de Lançamento: 2011
Estréia no Brasil: 29/04/2011
Estúdio/Distrib.: Paramount Pictures
Direção: Kenneth Branagh
Elenco
Natalie Portman ... Jane Foster
Chris Hemsworth ... Thor
Anthony Hopkins ... Odin
Kat Dennings ... Darcy
Ray Stevenson ... Volstagg
Stellan Skarsgård ... Professor Andrews
Idris Elba ... Heimdall
Tom Hiddleston ... Loki
Rene Russo ... Frigga
Clark Gregg ... Agent Phil Coulson
Jaimie Alexander ... Sif
Colm Feore ... Ymir
Tadanobu Asano ... Hogun
Rock in Rio 3 (2001)
Após novo hiato, o ano de 2001 viu a realização do Rock in Rio III, nos dias 12 a 14 e 18 a 21 de janeiro. Nesta ocasião, os organizadores decidiram construir uma nova "Cidade do Rock", no mesmo local onde fora a primeira, com a inédita capacidade de 250 mil espectadores por dia e "tendas" alternativas onde realizaram-se concertos paralelos aos do palco principal.
Havia tendas de música eletrônica ("Tenda Eletro"), música nacional ("Tenda Brasil", na qual artistas brasileiros apresentavam-se), música africana ("Tenda Raízes") e música mundial ("Tenda Mundo Melhor"). O evento recebeu a legenda de "Por Um Mundo Melhor", o que se marcou com o ato simbólico de observação de cinco minutos de silêncio antes do início das apresentações no primeiro dia do evento. Às 19 horas daquele dia 12 de janeiro de 2001, três mil rádios e 522 TVs silenciaram pela melhoria do mundo. O início e o fim do ato foram marcados pelo toque de sinos e pela libertação de pombas brancas, representando um pedido pela paz mundial.
A "Cidade do Rock" construída para o Rock in Rio III, permanece montada, mas não deverá ser mais utilizada em futuras edições já que o local deverá abrigar a Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016.
Atrações internacionais: N’sync, Britney Spears, Sting, James Taylor, R.E.M, Foo Fighters, Guns N’Roses, Iron Maiden, Neil Young, Oasis, R.E.M, Red Hot Chili Peppers, Sheryl Crow, Silverchair, Aaron Carter, Neil Young, entre outros...
Atrações nacionais: Barão Vermelho, Capital Inicial, Cássia Eller, Elba Ramalho, Fernanda Abreu, Moraes Moreira, Sandy & Júnior, Pato Fu, Daniela Mercury, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii, Carlinhos Brown, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Tom Zé e Zé Ramalho.
NOTA: Num evento que contou com Sandy & Júnior, Britney Spears e até N’Sync, ter Carlinhos Brown não seria nada inusitado, como realmente não foi. O problema foi o dia. Um público de quase 200 mil pessoas aguardavam Pato Fu, Oasis, Papa Roach, Ira! e Ultraje à Rigor, Guns n’ Roses e… Carlinhos Brown (?). Nada contra o percursionista, mas é visivel que estamos falando de um público que não tinha nada a favor da brasilidade nativa de Brown.
No dia e hora – erroneamente – marcados para a apresentação de Carlinhos Brown, o cara sobe ao palco e, algum tempo depois, sente a hostilidade da platéia que, pior do que não estar nem aí, começa a demonstrar irritação. Brown resolve vestir “as roupas e as armas de Jorge” e começa a caminhar por um pequeno corredor que divide parte da platéia raivosa e armada de garrafas plásticas.
Depois de receber todo o protesto engarrafado, ao som de A Namorada, Brown volta para o palco e começa o primeiro dos muitos discursos:
“Eu sou da paz. Eu só jogo amor. Não jogo nada em ninguém. Só jogo amor. Eles querem rock…”
E debochadamente cantarola um “la, lá, lá, lá”, em ritmo de Hino Nacional, fazendo uma referência à preferência gringa da maioria da gurizada lá presente. numa tentativa de abafar o caso, a banda começa uma nova canção. Brown é enfático e pede pra banda parar para assim, mandar um recadinho para os roqueiros mau-educados:
“Pode jogar o que você quiser que nada me atinge. Nada me atinge! Eu sou da paz! Olha, não adianta gostar de nada quando não se tem juízo. Quando não se pensa. Quando não raciocina. Não adianta gostar de nada. Tem que ser pelo amor. Você que gostam de rock tem muito que aprender na vida. Aprender a respeitar o ser humano, dizer não à violência e dizer sim ao amor. Acredite na vida, gente. Agora, o dedinho pode enfiar no traseiro…”
E sai.
Mas não sem antes voltar com a banda toda para agradecer a “receptividade”. Desta vez, em silêncio.
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Rock in Rio 2 (1991)
Mais uma vez, o Rio de Janeiro transforma-se na capital mundial do rock Mesmo fora da Cidade do Rock, seis anos depois, o Rock in Rio II volta com toda a força e enche o Maracanã, especialmente remodelado para o evento. Patrocinado pela Coca-Cola, o Rock in Rio II foi transmitido ao vivo para 55 países. No total foram 580 milhões de telespectadores que assistiram à segunda edição do evento em todo o mundo e mais de 3.000 profissionais estiveram envolvidos na sua realização.
Uma gigantesca nave espacial O Rock in Rio II foi o festival da tecnologia! Três mil reflectores iluminaram o estádio, sendo que 480 eram faróis de avião estrategicamente posicionados na cobertura. A luz ficou a cargo da empresa americana Samuelson que levou para o Maracanã uma extraordinária demonstração de tecnologia psicadélica com efeitos de raio laser. A ShowCo, responsável pelo som, levou para o estádio 500.000 watts de potência. O palco tinha 85 metros de comprimento por 25 metros de profundidade e era ladeado por duas telas de 9 metros de altura por 7 metros de comprimento. Um mega espectáculo em todos os sentidos! Os números do Rock in Rio II 700 mil pessoas encheram o Maracanã em 9 dias. Gerou 168 milhões de artigos de imprensa, brasileira e internacional.
Criou 3 mil empregos diretos.
Artistas Internacionais: A-HA, Billy Idol, Colin Hay, Debbie Gibson, Dee-Lite, Faith No More, George Michael, Guns N’Roses, Happy Monday, Information Society, INXS, Joe Cocker, Judas Priest, Lisa Stansfield, Megadeth, New Kids on the Block, Prince, Queensryche, RUN DMC, Santana e SNAP.
Artistas Brasileiros: Alceu Valença, Capital Inicial, Ed Motta, Elba Ramalho, Engenheiros do Hawaii, Gal Costa, Gilberto Gil, Hanói Hanói, Inimigos do Rei, Laura Finokiaro, Lobão, Moraes & Pepeu, Nenhum de Nós, Orquestra Sinfónica, Paulo Ricardo, Roupa Nova, Serguei, Supla, Titãs, Vid e Sangue Azul.
terça-feira, fevereiro 08, 2011
Faroeste Caboclo terá Adaptação Cinematográfica
A música "Faroeste Caboclo" composta por Renato Russo do grupo Legião Urbana terá a adaptação cinematográfica. A notícia não é nova, mas tomou grandes proporções hoje por ser divulgado o elenco principal, e por estar no trending topic mundial do twitter.
O filme vai contar a história de João de Santo Cristo, um traficante que sai do Nordeste e se muda para Brasília, lá ele se apaixona por Maria Lúcia.
O elenco conta com Fabrício Boliveira (João de Santo Cristo), Ísis Valverde (Maria Lúcia) e Felipe Abib (Jeremias). A direção é de René Sampaio com produção da Gávea Filmes, coprodução da Globo Filmes e distribuição da Europa Filmes.
O filme tem orçamento na casa dos R$ 5 milhões e começará a ser rodado em março na cidade de Brasília. O longa também terá cenas em Salvador.
A música foi composta em 1979, mas só foi lançada oficialmente em 1987 no álbum “Que País É Este”, a letra tem 159 versos e 9 minutos de canção.
Já está disponível no site oficial (http://www.faroestecaboclo.com.br/2011/02/01/faroeste-caboclo-ganha-as-telas-do-cinema/) um concurso onde o prêmio é participar do longa-metragem. Para isso basta preparar um vídeo de até 30 segundos, no qual convence Maria Lúcia a não abandonar a festa. Os seis melhores irão a júri popular no site, com o ganhador indo a Brasília, com tudo pago.
Faroeste Caboclo
Composição: Renato Russo
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria, escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
Aos quinze, foi mandado pro o reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.
Não entendia como a vida funcionava
Discriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar
Dizia ele: "Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar"
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
"Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar"
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta-feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado, a plantação foi começar.
Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:
"Tem bagulho bom ai!"
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.
Fez amigos, frequentava a Asa Norte
E ia pra festa de rock, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinho da cidade
Começou a roubar.
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
"Vocês vão ver, eu vou pegar vocês"
Agora o Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
"Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter"
O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta do João
"Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:
"Você perdeu sua vida, meu irmão"
"Você perdeu a sua vida meu irmão
Você perdeu a sua vida meu irmão
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as consequências como um cão"
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
E também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias,
Traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar
Mas Pablo trouxe uma Winchester-22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
Se dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já tá em tempo de a gente se casar"
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor
E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão
No sábado então, às duas horas,
Todo o povo sem demora foi lá só para assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
"Se a via-crucis virou circo, estou aqui"
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
"Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é
E não atiro pelas costas não
Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha
Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão"
E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
E o povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade
Não acreditou na história que eles viram na TV
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz…
Sofrer…
Rock in Rio 1985
No dia 11 de Janeiro de 1985 teve início o maior projeto de música e entretenimento do mundo. Foram 10 dias, 90 horas de uma grande maratona musical. Pelo palco de 5.600 metros quadrados passaram 14 estrelas internacionais e 14 artistas nacionais.
Para o público brasileiro a grande alegria era finalmente poder assistir no seu país aos espectáculos de algumas das maiores estrelas do rock mundial: Queen, Ozzy Osborne, Rod Stewart, AC/DC, Nina Hagen, entre outros. Para os artistas brasileiros o Rock in Rio foi a oportunidade de conquistar reconhecimento e mais sucesso, uma espécie de ponto de viragem das suas carreiras. Ali surgiram talentos como o Barão Vermelho, Kid Abelha e os Paralamas do Sucesso.
A geografia de uma Cidade com 1.380 mil habitantes Construir uma cidade num terreno de 250 mil m2, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, não era tarefa fácil. Para nivelar o terreno foram necessários 77 mil camiões de terra. Essa matemática de números estratosféricos foi, aliás, a marca registrada do Rock in Rio I. O palco – o maior do mundo, com 5 mil metros quadrados – tinha 80 metros de boca de palco e 3 palcos móveis. Dentro da Cidade do Rock foram criados dois centros hospitalares, dois enormes restaurantes de fast food, dois beer garden, dois shopping centers com 50 lojas e dois heliportos… são apenas alguns exemplos da grandeza do evento.
Para a época, a iluminação, idealizada por Peter Gasper, trazia para a Cidade do Rock a última palavra em tecnologia de espectáculos. Todo o sistema criado por Gasper funcionava ligado a dois computadores, o que resultou num fantástico movimento de luzes e cores. E isto há vinte e cinco anos! Havia energia suficiente para iluminar uma cidade de 180 mil habitantes. Aliás, foi no Rock in Rio I que, pela primeira vez num espectáculo de rock, a plateia foi iluminada. Foi um sucesso!
A matemática dos números do Rock in Rio Os parceiros que colocaram as suas marcas na Cidade do Rock tiveram um retorno extraordinário – de visibilidade e de vendas.
Durante os dez dias do evento foram consumidos: 1.600.000 Litros de bebidas em 4 milhões de copos. 900.000 Sanduíches. 7.500 Quilos de massa. 500.000 Fatias de pizza. 800 Quilos de gel para cabelo.
O Mc Donald's vendeu – num só dia – 58 mil hambúrgueres e entrou para o Guiness Book of Records. Este ainda é o seu recorde de vendas até hoje.
Artistas Internacionais: AC-DC, All Jarreau, B’52, George Benson, Go Go’s, Iron Maiden, James Taylor, Nina Hagen, Ozzy Osbourne, Queen, Rod Stewart, Scorpions, White Snake e Yes
Artistas Brasileiros: Alceu Valença, Barão Vermelho, Blitz, Elba Ramalho, Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Ivan Lins, Kid Abelha, Lulu Santos, Moraes Moreira, Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Pepeu Gomes e Rita Lee.
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